LAZER E CIDADANIA 24/08 14h35

As UsiPaz receberam alunos para programação de cinema, atividades lúdicas e conversas sobre o ambiente escolar.

 

No Dia do Estudante, 11 de Agosto - foi comemorado nesta sexta-feira nas Usinas da Paz Guamá, em Belém, e Antônia Corrêa, no município de Marituba. As UsiPaz receberam estudantes da Escola Estadual Monte Serrat e da Escola Municipal Emília Clara de Lima.

A programação contou com a exibição do filme “Sing 2” no teatro da UsiPaz Antônia Corrêa, e a realização de jogos de futebol e vôlei nas quadras de esporte. Chirley Lima da Silva, coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental da Escola Emília Clara de Lima, disse que “eles estão se divertindo bastante. Gostaram muito do local, e também a nossa recepção aqui foi muito boa. Estamos fazendo todo o possível para trazer os alunos de outras turmas ainda este mês”, informou.

No Guamá, as atividades foram concentradas na Biblioteca da UsiPaz, com uma tarde cheia de leituras, atividades lúdicas e conversas sobre a importância da diversidade e o enfrentamento ao bullying no espaço escolar. 

Atividades lúdicas marcaram a comemoração pelo Dia do EstudanteAtividades lúdicas marcaram a comemoração pelo Dia do Estudante - Foto: Giovanna Piani / Nucom Seac

Certificação - Além das comemorações pelo Dia do Estudante, na UsiPaz Antônia Corrêa houve a conclusão do curso de Agentes Ambientais, com entrega de certificado.

Segundo Fernanda Cunha, bióloga da Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), a capacitação é uma iniciativa permanente em todas as UsiPaz. “Faz parte de uma iniciativa da Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) dentro de todas as Usinas, e é a nossa primeira vez aqui em Marituba. Nosso objetivo é preparar e capacitar os alunos com outra percepção que eles possam ter do meio ambiente, propondo soluções para os problemas ambientas que todos temos no dia a dia”, explicou.

Luana Santos, técnica em Agente de Saúde, que também recebeu seu certificado, evidenciou a satisfação por tudo que aprendeu. “Veio para somar na minha profissão e no meu cotidiano. É um curso muito educativo, e de uma importância que irei levar adiante graças ao conhecimento que aprendemos nas aulas e nas dinâmicas dos professores”, contou.

Inclusão digital - Ao final da manhã, o Laboratório de Tecnologia da Usina da Paz promoveu projeto de inclusão digital exclusivo para a terceira idade. A professora Samira Rabelo, que trabalha com Programação e Robótica na Usina, disse que “a terceira idade se trata de um grupo de pessoas que tenta se inserir mais e mais em várias atividades, sendo a informática uma delas. De início, eles estavam com muito receio, mas com o andar do curso ele percebem que a partir daqui conseguem ser inclusos não somente no meio social, mas no mercado de trabalho, através do meio profissional. Por isso, durante as aulas eu frisei a eles que para ser estudante não tem idade”.

Patrícia Abdon, coordenadora-geral da Usina Antônia Corrêa, ressaltou o valor da ação promovida. “Foi uma honra receber usuários da terceira idade da região. Eles se dispõem a aprender, a ter acesso à cultura, e a entrar no mundo digital. Dessa forma, aprendem o que é o mundo globalizado", declarou.Foto: Giovanna Piani / Nucom Seac

Serviço - As Usinas da Paz oferecem diversas outras opções de cursos nas áreas de educação, esporte, cultura, culinária e tecnologia, além de serviços de saúde, documentação e capacitação profissional. Para mais informações, entrar em contato com o portal de comunicação das Usinas da Paz no Instagram (@usinasdapaz) ou de forma presencial na recepção da UsiPaz mais próxima.

 

Texto: Lucas Sousa sob supervisão de Dani Franco (Nucom/Seac)


Programação contou com esportes, debates políticos e lançou o Conselho Warao Ojiduna, organização representativa da etnia no Pará.

Indígenas venezuelanos Waraos residentes em Belém e Ananindeua realizam, desde o sábado (10), o I Encontro de Cultura da etnia, na Usina da Paz Padre Bruno Sechi, localizada no bairro do Benguí, em Belém.

Nesta segunda-feira (12), a programação contou com esportes, apresentações culturais e debates políticos, que, além de celebrar a resistência indígena na América Latina, também lançou o Conselho Warao Ojiduna, organização fundada para representar e fortalecer politicamente a etnia, no Pará.

O primeiro dia do encontro, sábado (10), foi dedicado aos esportes praticados pelos indígenas: futebol, voleibol, natação, e, ainda, às atividades como ralar macaxeira, cabo de guerra e arco e flecha. As oito comunidades Warao, de Belém e Ananindeua, disputaram entre si as partidas, retomando as tradicionais práticas de esportes nos encontros culturais.

Nesta segunda-feira (12), segundo dia do encontro, houve apresentação de danças e cantos tradicionais, lançamento do Conselho Warao Ojiduna, contação de histórias dos mais velhos e uma assembleia geral. Além dos Warao, outras lideranças indígenas, organizações da sociedade civil, instituições públicas e órgãos de governo também participaram.

“Para a gente esse evento é um marco, tanto pelo resultado dessa construção e organização social das próprias comunidades warao, como por ter sido realizado dentro de um equipamento que foi construído e pensado pelo Governo do Estado para que esteja à disposição das diversas comunidades. Esse não é o primeiro evento que a gente realiza com a Usina da Paz, mas esse ano a gente teve essa oportunidade de nos aproximarmos desse equipamento, de trazer essa população para dentro desses espaço, não só aqui do Benguí, mas de outras Usinas, de Belém e Ananindeua, para que eles possam conhecer esses serviços, sentir que são bem recebidos, que podem estar aqui, que pertencem a esta cidade a esses equipamentos. É um processo de construção em muitos níveis e a gente fica muito satisfeito em ter esse apoio do Governo do Estado, para que eles possam se apropriar desse equipamento e se sentirem acolhidos e pertencentes aos municípios de Belém é Ananindeua”. Traduz o significado do evento, a chefe do escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Janaína Galvão.

A ativista falou da vulnerabilidade vivida pelos povos indígenas e da importância do  movimento de reorganização social. “Depois de tantos anos residindo em Belém e em Ananindeua, esse é o primeiro encontro que eles realizam por iniciativa própria e a partir de uma articulação ampla entre todas as oito comunidades que residem nesses dois municípios. Esse encontro é resultado de um trabalho muito longo que vem sendo realizado junto a população Warao e entre eles de fortalecimento comunitário, de reorganização social, porque quando as pessoas se deslocam de seu país por motivos de perseguição ou de grave e generalizada violação dos direitos humanos e cruzam a fronteira internacional, muitas vezes elas perdem o contato com seus parentes, o tecido social é muito afetado nesse processo de deslocamento e o que a gente tem observado e promovido aqui é que a comunidade Warao tem mostrado esse desejo de voltar a se organizar, de se articular enquanto povo, enquanto grupo indígena, a partir de diversos encontros que foram realizados ao longo dos anos, então esse momento é o ápice desse processo de construção, de organização social que vem se dando ao longo dos últimos anos em Belém e Ananindeua e é muito importante, é um momento de celebração, apesar de ainda continuarem em situação de extrema vulnerabilidade, apesar de ainda estarem lutando diariamente pela sua sobrevivência, a gente já consegue ver avanços no nível de acessos a serviços, a politicas públicas e também de amadurecimento deles no conhecimento de seus direitos e seus deveres”, disse Janaína Galvão.

Juliana Chaves, coordenadora-geral da UsiPaz Padre Bruno Sechi, enfatiza a missão das UsiPaz na promoção da cidadania. “Um dos princípios básicos da UsiPaz é promover a cidadania, então a cidadania independe de nacionalidade, se são brasileiros ou venezuelanos, todos precisam ser bem acolhidos e bem recebidos, a gente tinha feito um primeiro evento com eles, apresentando os serviços da Usina para eles conhecerem e a partir daí surgiu essa ideia de fazer o encontro de celebração da cultura Warao, e foi um prazer para a gente recebê-los aqui, promover esse momento deles, de reencontro”.

A educadora e promotora de esportes, Gardência kuperkiros, também indígena venezuelana da etnia Warao, morava na Ilha da Perdenales, Estado de Delta Amacuro, antes de vir para o Brasil, há três anos, dois deles vividos em Belém, com marido e quatro filho, além de parentes que, ao todo, somam 31 membros da mesma família. 

Hoje, ela faz parte do Conselho Warao Ojiduna, e explica que o maior sofrimento da etnia na Venezuela era a falta de alimentação, mesmo trabalhando, o salário não era o suficiente para sustentar a família. Ela conta que o encontro também foi realizado com o objetivo de marcar o Dia da Resistência Indígena, comemorado no país latino no dia 12 de outubro.

“Não podíamos deixar passar em branco essa data, não podíamos deixar de mostrar nossa força, essa motivação que nós temos, apesar de todas as dificuldades que temos aqui no Brasil. Com esse encontro nós queremos que todas as instituições dos governos vejam que estamos aqui para sermos iguais, independentes de sermos de outro país, somos irmãos”.

Sobre os Indígenas Warao – Os Warao são um povo indígena oriundo da região do Delta do Orinoco, na Venezuela, que iniciaram um processo de migração forçada massiva para os estados da Amazônia Brasileira, além de outras regiões do Brasil e outros países da América do Sul, por conta da generalizada crise social que atravessa seu país de origem.

Nessa condição, essas pessoas são acolhidas no país, reconhecidas como refugiadas.
Atualmente, cerca de 700 pessoas desse povo vivem em Belém e Ananindeua, distribuídos em um abrigo público municipal, terrenos ocupados e casas alugadas onde se organizam de forma autogestionada.

Além de enfrentar a vulnerabilidade socioeconômica, a dificuldade de acesso a direitos básicos, o racismo e a xenofobia, os Warao que vivem no Brasil também lutam para preservar sua cultura indígena tradicional e compartilhar com seus filhos que já nascem em território brasileiro.


As turmas de balé em todas as Usinas da Paz seguem em andamento normal e no ano de 2023 haverá a abertura de novas vagas.

Ao som da emblemática música natalina “All I Want for Christmas Is You”, interpretada pela cantora americana Mariah Carey, a turma de balé infanto juvenil da Usina da Paz Nova União,  no município Marituba, Região Metropolitana de Belém, relembrou, na aula desta quinta-feira (1), os momentos inesquecíveis vividos no último sábado (26) quando se apresentou no IV Sapateia Belém, cerimônia de dança no Teatro Estação Gasômetro.

Essa foi a primeira vez que o grupo se apresentou em um evento fora da UsiPaz. “Para mim foi muito emocionante, eu gostei muito, na hora da apresentação eu senti uma emoção no meu coração, era o meu sonho me apresentar em um lugar tão bonito como aquele, quero me apresentar mais vezes, como uma bailarina profissional, quero ser escolhida para fazer várias viagens e ser famosa no balé”, sonha Fabiene Dayane, de 9 anos.

Fabiene, há quase um ano, faz o curso de balé ofertado pelo complexo multifuncional do Estado. “As aulas aqui estão me ajudando muito a realizar esse sonho, quando chego em casa eu sempre treino mais um pouco para poder chegar lá”, diz ela.

A turma da UsiPaz Nova União foi convidada pela organização do IV Sapateia Belém, para participar da programação junto de outras escolas de dança de Belém. Para o professor das alunas, Diogo Jacques, o momento que elas viveram despertou nele uma identificação com a própria trajetória.

“Tem uma identificação da minha parte, pela minha vivência, que me faz acreditar nessa trajetória delas, porque quando eu me apaixonei pela dança eu não tinha oportunidades, não existia espaços, lembro do meu pai tentar por diversas vezes em várias escolas, mas todas eram muito caras e ficavam no centro de Belém e eu morava na periferia também. Então, meu pai começava a comprar dvds para eu assistir e ir aprendendo, e isso transformou a minha vida de todas as formas possíveis, minha relação com o mundo de um modo geral, então fui acreditando nessa transformação que a gente começou a trabalhar com elas, que vai além da técnica da dança, a gente realmente trabalha esse desenvolvimento de potencial delas, trabalha nos sonhos que elas têm, mostra que elas são capazes de alcançar os seus objetivos, por isso, levá-las a um teatro, em Belém, com diversas outras escolas de dança, é proporcionar a elas a chance de mostrar que elas podem chegar onde elas quiserem. Foi muito bom ver o publico admirado com a dança delas, uma troca muito importante”, contou o professor.

Mesmo com uma pitadinha de medo, a Ágata Cauanne, de 10 anos, bailarina da turma, respirou fundo e encarou um dos desafios mais importantes da vida dela até o momento e o fez com gratidão à avó dela, Maria José.

“Me deu vontade de chorar porque tinha muita gente e eu fiquei feliz e nervosa ao mesmo tempo, mas eu gostei muito e agradeço à minha avó, por isso, por que foi ela que viu o comercial da Usina da Paz, na televisão, soube do curso e foi correndo tentar uma vaga para mim e conseguiu me matricular para fazer balé, que eu sempre tive vontade”, disse Ágata.

A avó, Maria José, contou que, curiosamente, o Parque da Residência, espaço onde funciona o Teatro Estação Gasômetro, era um dos lugares onde ela passava na frente quando ia e voltava do trabalho. Por anos ela fez o mesmo trajeto e nunca teve tempo e nem oportunidade de entrar para conhecer.

"Para mim, foi muita felicidade, muito gratificante, eu compro as coisinhas necessárias para ela fazer as aulas de balé, com muito prazer. Ela sempre teve vontade fazer, só que a gente não tinha curso por aqui por perto, era longe e, às vezes, a gente não tem dinheiro para condução, então acaba dificultando. Quando soube que ia ter uma Usina da Paz aqui e que teria esse curso eu vim correndo matricular ela. Foi muito maravilhoso assistir ela dançando, porque ela nunca tinha participado de eventos assim, fora da UsiPaz, então foi muito maravilhoso", disse a avó.

Ela acrescentou que, "é bom ver o esforço dessas meninas, acordando cedo, se arrumando, para viver essa experiência, dentro de um ambiente tão importante como o teatro do Parque da Residência. A Usina tem ajudado muito a gente aqui, aqui tem tudo o que se possa imaginar, só não faz quem não quer”.

Sem nervosismo algum, outra bailarina da turma, Gabriely Caldas, de 08 anos, aproveitou cada segundo dessa dia que, segundo ela, está guardado num lugar muito especial da memória e do coração dela. “Foi muito legal, a gente passeou, bateu muitas fotos, muita gente foi nos assistir, foi tudo muito incrível. Quando recebemos a notícia que íamos nos apresentar lá eu não senti nenhum nervosismo, bateu foi muita alegria porque foi nossa primeira vez fora da Usina. O balé mudou muito minha vida, nosso professor é muito legal com a gente, a gente aprende muito com ele”.

As turmas de balé de todas as Usinas da Paz seguem em andamento. A partir do ano que vem novas vagas serão abertas.