TERCONHECIMENTO 18/11 11h59

O encontro reuniu lideranças comunitárias, representantes da comunidade escolar e membros da segurança pública

Lideranças comunitárias, representantes da comunidade escolar e membros da segurança pública se reuniram na tarde desta quarta-feira (17), no auditório da Casa Civil da Governadoria, em Belém, para dialogar sobre “Drogas, Juventudes e Racismo”. O encontro é a continuação do Projeto “Ter Conhecimento”, que realizou no início do mês oficinas sobre ativismo comunitário nos bairros atendidos pelo programa estadual Territórios Pela Paz (TerPaz).

A iniciativa é da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), em parceria com a mineradora Vale e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC). “A gente pensou essa segunda temática em razão dos diagnósticos realizados no início do processo do TerPaz. Quando a gente conversou com os gestores das escolas, com os policiais e a própria população, para entender quais eram as dinâmicas dos homicídios que ocorriam dentro desses Territórios, todos caíam sobre a questão do comércio ilegal de drogas. É muito importante trazer essa temática, que é latente dentro desses bairros, para conversar e desmistificar um pouco o que o Estado pode fazer enquanto política sobre drogas”, disse a diretora-geral do Núcleo de Articulação da Cidadania da Seac, Juliana Barroso.

Foto: Victor Nylander / Nucom SEAC

Para encaminhar o debate, foi convidado o pesquisador e integrante dos coletivos Papo Reto, Movimentos, Perifa Connection e Favela & ODS, Raull Santiago, criado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), e um dos 50 profissionais mais criativos do Brasil segundo a revista WIRED (2020).

Foto: Victor Nylander / Nucom SEAC

“Eu trabalho com direitos humanos e segurança pública há muitos anos. Já tive a possibilidade de rodar por muitos lugares do Brasil, e do mundo, com essa temática de violência, racismo e direitos. Venho a partir desse olhar periférico. Hoje, eu vim falar um pouco sobre algumas dessas experiências e pesquisas que participei, como a Cartilha dos Movimentos, que é um projeto do Rio de Janeiro que cria estratégias de comunicação para falar com a juventude periférica sobre essa temática, além dos relatórios do CESeC que buscam trazer um horizonte de possibilidades, de como a gente ‘starta’ uma comunicação que pense conexões e a integração de políticas públicas, aproximando os jovens”, informou Raull Santiago.

Estratégias - O gestor da USE 5 (Unidade Seduc na Escola), Jones Barros, participou do evento. Segundo ele, a troca de experiências e pesquisas de outros estados é fundamental para a construção de políticas públicas no ambiente escolar. “A partir do momento que se estabelece essa roda de conversa com diálogo, partindo de experiências que o Raull traz, incluindo a nossa realidade e nosso contexto, a gente pode pensar em estratégias de enfrentamento também dentro das escolas, para que a gente possa superar os índices de violências, os casos que envolvem drogas e racismo, onde os jovens são os maiores atingidos. Essa temática vem contribuir bastante para o trabalho que a gente já desenvolve nesses Territórios”, acrescentou o gestor.

A estudante Izabelly Cristina, 21 anos, acredita que é preciso dialogar mais sobre os temas debatidos na roda de conversa. “Eu sou jovem, negra, periférica e sinto na pele todos os dias questões sobre o racismo. No meu bairro, participo bastante de eventos como esse. É importante debater esse tema não apenas no período da consciência negra, mas o tempo todo. Precisamos amplificar esse discurso e alcançar outras pessoas”, frisou Izabelly Cristina.

Foto: Victor Nylander / Nucom SEAC

Palestrante - Raull Santiago também é gestor de projetos sociais do Terceiro Setor, integra os coletivos Papo Reto, Movimentos, PerifaConnection e Favela&ODS, além de compor a assembleia de membros da Anistia Internacional do Brasil. É conselheiro das ONGs Instituto Movimento e Vida e Abraço Campeão.

O palestrante também é produtor cultural e audiovisual, ativista pelos direitos humanos, mudanças climáticas, negritudes e vida na favela, e ainda pesquisador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC).

Programação:

Oficina 3 – Segurança Pública e Direitos Humanos, com Ibis Pereira, coronel reformado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e doutorando em História. É uma referência no debate sobre polícia, direitos humanos e novos caminhos da segurança pública. Período: 22 a 25 de novembro.

Oficina 4 – Jornalismo e Redes Sociais, com Cecília Oliveira, jornalista, especialista em Segurança Pública e Política de Drogas na América Latina, idealizadora da plataforma Fogo Cruzado e articulista do El País. Período: 08 a 10 de dezembro.

*Programação sujeita à alteração

Por Paulo Garcia (SEAC)