Projeto desenvolvido pela Sectet envolve universitários dos respectivos territórios, na identificação da cartografia dos seus locais de moradia

Até quarta-feira (21), deve ser concluída a ação de levantamento dos logradouros no bairro do Icuí, em Ananindeua, pela equipe à frente do projeto Mapas Digitais, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet). Nesta etapa, são mapeados comércios, escolas, igrejas, praças, vendas populares, hospitais, postos de saúde, dentre outros, para a elaboração de 10 mapas digitais do bairro. O resultado final será disponibilizado aos moradores por meio de aplicativo também desenvolvido pelo projeto.

De acordo com Edilza Fontes, secretária interina da Sectet, as informações levantadas, além de indicar a moradores e visitantes onde encontrar produtos e serviços, ajudam o planejamento do governo estadual na identificação de problemas mais urgentes para que as políticas públicas sejam criadas e implementadas nos bairros.

"Os moradores participam nos orientando sobre como percorrer o bairro e eles mesmos também passam a conhecer ainda mais sobre o local ondem vivem. Assim, são protagonistas desse processo”, explica.

Metodologia - Desenvolvido em parceria com a Faculdade de Tecnologia em Geoprocessamento da Universidade Federal do Pará (UFPA), o projeto dos Mapas Digitais atinge os bairros que fazem parte do programa Territórios pela Paz (TerPaz), criado pelo Governo do Estado.

A equipe percorre as ruas do Icuí em dupla, cumprindo todas as recomendações sanitárias exigidas durante este período de pandemia como a utilização de máscaras, uso do álcool em gel e o distanciamento social.

O bairro é subdividido em quadras. Previamente, por análise de imagens de satélite, foram identificados os pontos de interesse para mapeamento. O trabalho dos alunos consiste em percorrer cada quadra e conferir se a informação virtual confere in loco, senão ele atualiza a informação. Os estudantes carregam uma tabela com os pontos a serem identificados.

Francilene Pompeu, 55, é bolsista do projeto desde dezembro de 2020. Ela mora na Cabanagem, e entende que o trabalho é essencial para que a comunidade se sinta vista pelo poder público. "E também para dar uma noção real do que é o bairro. Às vezes, o Google Maps mostra algo que não existe, como asfalto em certas ruas, que não são asfaltadas, e vai servir também, para quem não conhece o bairro, ficar conhecendo, saber se movimentar", avalia a moradora.

Aluno do curso de Tecnologia em Geoprocessamento, Ronalth Lopes, 35, também conta que o trabalho permite colocar em prática tudo o que aprende em sala de aula. "A gente mora nesses bairros, sabe da realidade, das dificuldades, e temos a chance de fazer uma análise mais profunda não só indo às ruas, mas conversando com os moradores, entender o que elas passam, suas necessidades. Vamos transformar essas informações em um banco de dados que dará origem aos mapas", detalha.

Vivência - Paulo Alves de Melo é professor da Faculdade de Tecnologia em Geoprocessamento da UFPA e coordenador do projeto. Ele conta que os levantamentos no Icuí começaram no dia 12 de abril, após o mesmo trabalho ter sido feito na Cabanagem, em Belém, e no bairro Nova União, em Marituba. 

"Além de identificar os potenciais da área, como comércio e serviços, também vemos a problemática ambiental, como pontos de alagamento, descarte irregular de lixo e igarapés poluídos. Essa cartografia é participativa e colaborativa, pois ela conta com o envolvimento direto da comunidade através de jovens universitários desses territórios que foram selecionados e que integram o projeto como bolsistas. São eles que realizam esse levantamento e identificam tanto os potenciais quanto a problemática inerente aos territórios e ao bairro", explica o professor Paulo Melo.

Social - Para Julio Alejandro Quezada, diretor geral do Núcleo de Relações Institucionais da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), pasta responsável pela execução do TerPaz, o mapeamento se contextualiza na diretriz principal do programa: estabelecer a presença do Estado, permanente e orgânica, com serviços públicos de qualidade que transformem as condições de vida das comunidades locais.

“O desenvolvimento local é entendido como aquele movimento que alavanca e impulsiona o incremento dos arranjos econômicos, comerciais, sociais e culturais que existem, os quais podem ser ampliados e outras atividades que podem ser criadas na própria comunidade. A ampliação e melhoria das atividades econômicas e comerciais abre oportunidades formais de trabalho e renda, de novos investimentos e de resultados qualitativos na vida das pessoas das comunidades do territórios. Esse processo é possibilitado pelo conhecimento das potencialidades identificadas, geoespacilizadas e correlacionadas pelos dados fornecidos pelos Mapas Digitais”, explica Alejandro Quezada.

Em conjunto - São mais de 90 serviços públicos, das 36 secretarias, fundações e órgãos estaduais participando do TerPaz. As instituições se articulam de forma intersetorial para a elaboração dos Mapas Digitais, acrescentando outras ferramentas e recursos facilitadores desse desenvolvimento. Por exemplo, cursos técnicos e profissionalizantes, capacitação em empreendedorismo, microcrédito responsável, assessoria técnica em elaboração de projetos e educação financeira etc.

Embora o desenvolvimento econômico, comercial, empreendedo e de microcrédito responsável sejam a alavanca para o desenvolvimento local/territorial, simultaneamente, estão os serviços públicos da educação que prioriza escola para as crianças, adolescentes e jovens; da área da saúde, como uma abrangência quantitativa e qualitativa de atendimentos nos diversos serviços demandados pelas comunidades; o esporte e lazer com diversas modalidades esportivas e incluindo as diversas etapas da vida e a pessoas com deficiência; da segurança pública sem ameaças à integridade física e moral, entre tantas outras ações, que são o desafio para todos os gestores.

Por Carol Menezes (SECOM)